quarta-feira, 20 de março de 2019

LIVRO SOBRE A INTERVENÇÃO MILITAR






Título: Aquiles – uma história de amor e de cólera
Gênero: drama
Sinopse:
         Brasil. O Presidente da República decreta a intervenção federal no Rio de Janeiro. As Forças Armadas sobem o morro e a cada operação se batem de morte com os traficantes. A população teme e treme a cada disparo, a cada ônibus queimado. Aquiles, grande guerreiro grego, abandona as páginas do Ilíada e vem caminhar novamente entre os mortais. Ele nasce numa casinha simples e é criado pela mãe, que tudo faz para mantê-lo longe das garras da violência. Em vão. Aquiles tem espírito guerreiro e se sente atraído pelas armas. Quer lutar e ingressa no Exército brasileiro. Quando chamado a combater nas mesmas ruas em que cresceu, não hesita. Esta noite, porém, ele tem uma batalha pessoal. Protegido pelas sombras, avança pelos becos tortuosos e estreitos. Quer vingar a morte do seu grande amigo, assassinado pelo Dono do Morro. Este confia nos seus soldados, recrutados entre os jovens da favela, nas armas que possuem e no anonimato do seu refúgio. Contudo, nada será capaz de conter a fúria do herói.

Lançamento em 11 de abril, no Amazon.

LIVRO SOBRE A VIOLÊNCIA NO RIO DE JANEIRO



                                             





Olá, Cristiano!


Simplesmente amei a capa! Ela reflete exatamente a alma do Aquiles, o personagem do livro que você e a Calíope estarão lançando no próximo 11 de abril. Ele carrega  um peso, tal qual os fardos atados ao escravizados aqui no Brasil de ontem e de hoje.

Aquiles carrega a perda de um amor e a ausência de um pai que não conheceu; o amor sufocante que sua mãe lhe dedica  e uma vontade imensa de ser o escritor da sua história.

Se não bastasse, Aquiles sofre ao presenciar a violência cometida pelos poderes instituídos  contra os seus - os moradores das comunidades sob intervenção federal no Rio de Janeiro-, que aliás aniversariou em fevereiro, mas ninguém nada comentou. 

Nem posso dizer que o País sentiu as mais de 1000 mortes sob intervenção, só quem teve a casa revirada pelos policiais ou militares ou que foi buscar o corpo do filho no necrotério é que sentiu. Segurança se faz com respeito à vida, competência e estratégia. Não tem quem me convença do contrário.

 Eu não consigo deixar de me preocupar com as crianças e jovens que crescem protagonizando ou presenciando a violência cotidiana oriunda da própria família, do  traficante e do Estado. Quem cresce tendo a violência como algo natural ( vendo mais um corpo estendido no chão, quando caminha para a escola...) acaba acreditando que a violência é banal. Mas o mal nunca é banal. 

Essa educação, que o estado brasileiro dá às crianças e aos jovens brasileiros de baixa renda é mesmo ímpar.

Mas o Brasil sentiu as centenas de mortes em Minas, que a Vale chama de acidente, mas que todos sabem ser  assassinato em massa.

Será que os acionistas e os diretores da Vale do Rio Doce dormem tranquilos, será que acreditam mesmo que as indenizações equilibrarão essa balança macabra e perversa com a qual operam Ganham tanto explorando a Natureza, que uns poucos milhares de indenizações não lhes pesam." Ah, se der algum coisa errada a gente indeniza..."


Quanto VALE uma vida
 Os rios afetados pela ação criminosa voltarão a ser DOCES  


O País sentiu outra tragédia, que acredito são mais do mesmo: os meninos que o Flamengo deixou queimar em seus contêineres ( que jeito nefasto de hospedar futuros talentos, nossos meninos, nossas joias preciosas).

Disso, de certas vidas não serem tratadas com dignidade nos quatro cantos do mundo a gente já sabe. Mas aqui, neste continente, e neste país a coisa beira as raias da loucura. Só assim se explica a crueldade com a qual senadores, deputados, presidente, ministros, secretários, prefeitos e empresários tratam o Povo Brasileiro. Que me perdoem as exceções.

O Povo Brasileiro é tratado como gado. Como exemplo, cito a 'determinação' do ministro da educação para que as escolas filmem seus estudantes cantando o hino nacional (com letra minúscula mesmo, que ando com vergonha).

 Será que nossas crianças e jovens têm motivos para adorar essa Terra, que os trata tão mal

 Acho que o ministro se esqueceu de que,  numa Democracia, ele deve antes consultar ou persuadir os educadores, com seu exemplo, respeito e saberes. E não determinar que façam isso e aquilo. Tratamento de gado.

 Já tivemos ministros da educação melhores, Cristiano. Eu sinto falta de um Cristovam Buarque, de um Fernando Haddad. O primeiro enfrentou a carência material em que agoniza a criança brasileira. O segundo atuou na expansão do Ensino superior, até então privilégio.

 Quando Ministro da Educação Cristovam Buarque instituiu o bolsa-escola, por saber que não é toda criança que consegue aprender com a barriga roncando. Exemplos como o do juiz Edilson Enedino das Chagas são raros, são a exceção.
Eu não gostei do Fernando Haddad prefeito aqui na minha cidade. A reforma educacional por ele aqui implementada foi, ao meu ver um fiasco. Mas tenho que reconhecer, ele  atuou fortemente para garantir às pessoas pobres o acesso ao Ensino Superior. Sem ele não haveria o FIES, o PROUNI, o PIBID, o SISU, a Universidade Aberta, o ENEM.

 Se há instituições de Ensino Superior privadas que se aproveitam desses programas para saquear os cofres públicos é questão de fiscalização e rigor, pois que aqui o capitalismo é selvagem, não se engane, Cristiano. 

Eu sei isso porque consegui cursar Licenciatura em Letras, pouco valorizado, mas que me abriu os olhos. Minhas amigas de infância sequer sonham com essas questões, que dirá posicionarem-se sobre elas.

Estou com vontade de escrever uma mensagem para o atual: "Ministro, nós da Educação temos que estudar os que nos antecederam para aprender com eles a melhor educar. Parece-me que o senhor necessita, com urgência, fazer o mesmo."

Mas sei que não sou nada para ele, sou apenas uma professora da escola pública. Eu faço parte da manada... É provável que não me leia a mensagem...

Amei o seu Aquiles! Ele  é um personagem de ficção, porém inspirado em pessoas reais. Ele arrisca a vida, a posição no Exército, a liberdade e até o amor da mãe para vingar a morte de um amigo, um professor, aliás.

 Tem quem aqui, arrisque a vida, a saúde, o emprego, o pão na mesa do filho      ( se decide entrar em greve) a vida ( se questiona um policial ou um traficante ou oponente político ou grandes empresários). Porque se tivesse de viver de outra maneira não suportariam  olharem -se no espelho, que dirá dormir.

 Esses são os meus heróis.O peso que carregam não os dobra, antes fortalece. Porque eles têm uma causa.

 A trajetória do Aquiles é a nossa. A gente aprende um ofício e o exercita em troca de pão. Porque assim nos ensinaram. Porque nos disseram que assim teria de ser. Mas chega um tempo em que percebemos que as dores do mundo são as nossas, que o exercício do ofício em prol de uma causa nos alça à qualidade e ao quilate dos deuses.

 Sejamos todos heróis, pois não nos faltam causas.


Espero ardentemente que esse dia chegue para cada um de nós. E então, veremos a Luz. Seremos Luz. E dissolveremos as trevas com nossos sorrisos.



O seu livro me inspirou.